domingo, 26 de setembro de 2010

A Sacoleira

Ah, toda vez aquela bandeira
quem me dera toda eu tomara por minha
Quem queria?
logo aquela bandeira
permitiria a minha na dela
logo ela!
Tinha eu toda ela tinha.
Só minha e tão nossa aquela.
Ah, toda ela aquela bandeira! sem eira nem beira. sujeira. tola.
risadas.
pirei demais?

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Menina toda zona sul (música)

Aquela noite tava preta
tava certa, tava boa
o tempo as vezes parece que voa

Na sarjeta eu e minha preta
A madrugada passa
Na massa a gente disfarça e acha graça

E lá pros finalmente,
a nega com a boca cheia de dente
me sorri um sorriso amarelo
porém belo, pois lá estava outra menina

Toda zona sul
o veneno de uma chacina
menina toda zona sul
o chão parece que cai, explode minha retina

Ainda bem que nem tem o que fazer
Fazer o que?
Fui pra casa sonhando com essas loucuras
Quando se quer fortunas
acaba com nenhuma.

O homem de sorte
ganha mesmo quando perde
O homem que perde
tem que ter vitória sempre.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Nella
toda vez que penso nela
minha vida se desmancha
como se fosse criança
como se fosse acordar
tenho medo da menina
que me deixa gelatina
que me deixa com prazer
de ter prazer em viver.

Mas no meu lar
ela não se encontra
vai entender essa mulé
estou pra o que der e vier
na sua vida
e por isso faço poema, faço canção singela
só pra dar uma de péla.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Areia da madruga

Hoje sou areia da madrugada
a onda do mar passou, lavou
e deu aquela repaginada
areia da boa pronta pruma pelada
pelada de garçom e porteiro
também sou a areia dos maconheiro

Sou a areia da namorada que dá pro namorado
Areia de casal apaixonado.
Areia de lua cheia
areia de macumbeira

areia de prantos tantos
areia de todos os santos

Grão de farinha na imensidão
farofa que dorme na escuridão
que espera mais um domingo de verão
na madrugada dessa estação.

Amanheço e já sou pisoteada
Recebo os pisões calada
pois serei recompesada com a paz de espírito da madrugada.






quinta-feira, 17 de junho de 2010

Novo sambinha (já musicado!)

E sai da frente
antes que eu te atropele
que o meu samba só começa quando ela me esquece

Se enlouqueço
enlouquece todo o resto
logo eu que me empresto pro sarcasmo do teu samba

Não me engana, caio sempre direitinho
Ave avoa, vai sozinho meu caminho
Já que o samba traz saudade faço um rapidinho

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Samba do difícil

Tá difícil, tá difícil
tá complicado
tá difícil, tá difícil
tá demorado
tá pertado, tá massado, tá marrado
tá difícil pra caralho mas tá cerrado

tá sem nexo, sem vida, desencontrado
tá freiado, desmarcado, descabelado
tá difícil pra caralho no Rio gelado
tô na corda meio bamba suado, pelado

tá difícil de entender, tá difícil de esquecer
tá difícil refletir, tá difícil digerir
tá marrado sem ter nó,
orquestrado em tom menó

abro os olhos, olho certo, bem em frente do futuro
dou com um muro de tijolo, dou com um muro
do futuro!

O difícil é mais fácil
É fácil ficar difícil
é difícil as "coisa" ser fácil.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

A respiração do sonho nosso.

Nunca pense no que pode acontecer depois. Pense no que acontece agora. No momento em que se vive, no momento em que se pensa.
No momento em que se pensa em alguém, no momento em que se pensa numa frase, no momento em que se pensa em um filme, no momento em que se pensa em uma música, no momento em se pensa num lugar, num momento em que se pense em outro momento que já passou, no momento em que se pensa em outro momento em que se pensava em outros momentos, nesse momento chora-se. Explode as estrelas. Explode a nossa cabeça. Lembranças, fantasmas, balas de revólver, cuspe para cima que cai na nossa própria cara.
Foda é não pensar. Quase impossível. No momento em que se pensa em fazer alguma coisa, pode se fazer a tal coisa pensada e também pode esquecê-la. Pode se pensar em sentar a bunda na frente do computador e ficar escrevendo sem pensar durante muito tempo. Se isso for decidido, começa uma ocupação de tempo que pode durar muito tempo. Posso começar a falar sobre a vida.
Um pouco complicado.
E sobre o futuro. Sobre o céu e o inferno. Sobre Deus? Sobre política. Falar mal do governo. Falar mal da corrupção. Falar mal da poluição. Falar mal do Saddam Hussein. Falar bem do Saddam Hussein. Falar bem do Obama. Falar mal do Obama. Falar do amor. Do tesão. De acordar de pau duro. De acordar com vontade de dormir mais. De ir dormir com vontade de acordar. De morrer. De não querer morrer. De querer morrer. De não querer morrer, de jeito nenhum. Chega.
Vamos respirar e só.
Chega de falar, de pensar, de existir.
Imagina só? Poder parar de existir. Poder ficar invisível. Poder voar. Poder ter visão de raio-x. Poder comer a Gisele Bunchen(sei lá como escreve o nome dessa mulher). Poder ser o Silvio Santos. Ter um programa no domingo. Imagina poder ser a Maysa. Por um dia. Por dois. Maysa, aquela criança maldita. Maravilhosa. Talentosa que só ela. Toda charmosa. Toda jeitosinha. E pedofilia? Que loucura é pedofilia? E padre pedófilo. Acordar todos os seus dias com a missão de rezar missa e passar a mensagem de Deus na Terra. Deus? Voltamos ao assunto Deus? Ou nem entramos no assunto? Nem entramos. Vamos não entrar? Acho melhor.
Foda-se.
A vida brotou dos cosmos, somos poeira e ao mesmo tempo temos a capacidade de pensar que somos poeira. Somos especiais. Ou marginais. Mendigos espaciais. Extraterrestres na própria terra. Será que existe alien? Puta que pariu, não estamos sozinhos. Estamos? O universo é uma grande imensidão. Vivemos, somos isso aí mesmo.

quarta-feira, 31 de março de 2010

(Pelo visto) Tudo passa

Passa o tempo, passa as horas, passa os dias, passa o agora
passa os meses, passa o carro, passa a vida, passa o menino
passa a rua, passa o destino, passa o amor, passa o tesão
passa a roupa, passa o verão, passa o sol, passa a chuva
passa o rio, passa o mar, passa a arte, passa o azar, passa?
Uva passa.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Suicídio breve

A porta se abriu. Ele entrou com uma cara de desespero e sentenciou:
-Pra mim chega. Estou indo embora.
E foi-se.
Comecei aos poucos a enlouquecer.
Não falava com mais ninguém, não comia, não sorria.
Não cantava, não chorava, nem dormia.
Só queria sonhar, vê se ele voltava de uma vez por todas.
Tantas lembranças boas, tantas... Só conseguia pensar no seu beijo, no seu peito, no seu gosto.
Enlouqueci por completo e me joguei do oitavo andar. Morri. Foi melhor assim.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Bela Rima

Não! Será que vai ser pra sempre assim
que puta aflição no centro de mim
ao te perceber na frente da tv
mesmo sem você estar naquele canal
tá tudo aqui dentro da minha cabeça normal
de doidão.
Qual é a solução? Vou te resgatar do lugar onde você está.
Que falta de poesia essa minha vidinha
Que obsessão a minha canção
as minhas canções não falam de mais nada além da falta que você me faz
nem rima eu faço mais.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Ela que é aquela.

Eu queria casar com essa mulher
com ela dá no pé
fazer o que quiser
com ela.

Mas, meu bem
não tem problema,
tudo bem
vou tentando viver sem

Eu queria casar com essa mulher
com ela dá no pé
fazer o que quiser
com ela.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Respeitem meus cabelos brancos

Respeitem meus cabelos, brancos
Chegou a hora de falar
Vamos ser francos
Pois quando um preto fala
O branco cala ou deixa a sala
Com veludo nos tamancos

Cabelo veio da áfrica
Junto com meus santos

Benguelas, zulus, gêges
Rebolos, bundos, bantos
Batuques, toques, mandingas
Danças, tranças, cantos
Respeitem meus cabelos, brancos

Se eu quero pixaim, deixa
Se eu quero enrolar, deixa
Se eu quero colorir, deixa
Se eu quero assanhar, deixa
Deixa, deixa a madeixa balançar


terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Carnavalha

Corta a minha carne
corta e deixa sangrar
Suponho que gosto, gozo
adoro, suporto

A carne sangra
berro de prazer
Intenso, suado
o músculo trabalha

Entrego-me, sou seu
minha carne te pertence
Tá pensando o quê?
cachaça é pra beber

deixa sangrar

brinca, grita, chora, ama, anda, me dá
um dinheiro aí
me dá agora
mama na chupeta, se esbalda na teta

Folia
Confete e serpentina
tira a roupa da menina
deixa sangrar

Carnaval corta a minha carne
Carnaval vai chegar
me deixa. sambar.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Às entregas de uma mulher.

Aquela risada que já tanto me fez rir junto, hoje não passa de uma lembrança. Os dentes escancarados, o som que ressoava por toda a sala. Como éramos inocentes. Puros. Tanta coisa boa no coração, a sensação de vida. Éramos amantes mas ao mesmo tempo éramos cúmplices da felicidade que estávamos sentindo. A novidade do toque se misturava com a novidade do olhar que se misturava com a novidade de amar. O amor, de tão forte, não era mais só nosso. Parecia ser do mundo. E era. Pulsávamos energia divina. Tínhamos a responsabilidade de contaminar o mundo com os nossos sorrisos. E como era lindo o sorriso dela. A vontade de rir já era o próprio orgasmo.
O orgasmo era provavelmente o momento mais brilhante das nossas noites. Explodia, nos arrebatava. Era lindo. Seus olhos brilhavam, seu corpo tremia e eu humildemente me sentia amado. Essa sensação é tão boa que chega a ser estranha. Olhar nos olhos de uma mulher e ver que naquele momento ela te ama desesperadamente. A sensação de que você está sendo o responsável pelo momento mais fundamental de prazer na vida de uma mulher é alucinante. Vale mais que qualquer droga na veia.
Você se sente o fodão.
Com ela eu me sentia um escravo. Se ela estivesse feliz eu estava também. O sorriso dela era meu ouro. O seu corpo nu era o meu pão. O seu prazer era meu vinho. O suor dela era o meu suor. Tudo nosso era lindo.
Hoje sento numa poltrona velha da minha sala e fico relembrando momentos. Não faz mal ficar lembrando. É claro que as lembranças acabam despertando uma tristeza horrível que poderia muito bem ficar dormindo quietinha sem ninguém notar que ela está ali. Mas eu gosto de acordá-la. Vale a pena. Sempre valeu. Afinal de contas, sofrer é um barato também. Não deixa de ser uma onda. E se as lembranças fossem ruins não me esforçaria para tê-las. As lembranças são incríveis. Que mulher incrível!
Uma mulher que sabe se dar é a mais abençoada das mulheres. Viva a mulher entregue!
Viva meu amor!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Para minha mãe.

O ciúme
Caetano Veloso

Dorme o sol à flor do Chico, meio-dia
Tudo esbarra embriagado de seu lume
Dorme ponte, Pernambuco, Rio, Bahia
Só vigia um ponto negro: o meu ciúme

O ciúme lançou sua flecha preta
E acertou no meio exato da garganta
Que nem alegre nem triste nem poeta
Entre Petrolina e Juazeiro canta

Velho Chico vens de Minas
De onde o oculto do mistério se escondeu
Sei que o levas todo em ti, não me ensinas
E eu sou só, eu só, eu só, eu

Juazeiro, nem te lembras desta tarde

Petrolina, nem chegaste a perceber

Mas, na voz que canta tudo ainda arde

Tudo é perda, tudo quer buscar, cadê?

Tanta gente canta, tanta gente cala

Tantas almas esticadas no curtume
Sobre toda estrada, sobre toda sala
Paira, monstruosa, a sombra do ciúme




domingo, 31 de janeiro de 2010

O desafio do amor

Quando penso em você desafio a minha capacidade de esquecer
Quando fujo de ti desafio meu desejo de te ter
Quando sofro ao te ver desafio a vontade de ser blasé

Desafio o mundo só pra te fazer voltar pra mim
Desafio Deus e te faço me amar
Te faço amar e desafio a natureza

Quando choro desafio minha moral
Quando te amo desafio meu bom senso
Quando penso e pondero desafio meus instintos

O amor é um desafio para os fracos
A solidão é um desafio para os fortes
Ou não.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Pense em Zé Colméia com um baseado na boca.

Um urso dançando can-can
Uma sereia morta envenenada por um macaco
Um hamster correndo louco na grama fofa
pense nisso com um baseado na boca

Um orfão querendo ter um Ipod
Um religioso com uma piroca na boca
Uma quadrilha de bandidos caretas
pense nisso com um baseado na boca

Uma armadilha para prender gente carente
Uma cadela querendo ir pra orgia
Um sentimento querendo ter sentido
pense nisso com um baseado na boca

Um tricolor querendo ser ouvido
Um diretor que só encena monólogos
Um sex shop só com desempregado
Um raio laser que cega de muito longe

pense nisso com um baseado na boca
O Zé Ramalho compondo letras longas
Um Zé Colméia na beira do abismo
O Benedito pedindo carícias

A mexerica que nos dá o suco
A gonorréia que ninguém explica
Dor de cabeça que não tem quem cura
pense nisso com um baseado na boca

A mentirada que nós tudo conta
pense nisso com um baseado na boca
pense nisso com um baseado na boca!
pense nisso com um baseado na boca
pense nisso com um baseado na
pense nisso com um baseado
pense nisso com um
pense nisso com
pense nisso
pense.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Feitiço

Qualquer flor que aparecesse no caminho eu te daria. Na minha cabeça, você merece todas as flores que aparecerem. Todas as flores que estiverem à vista, na minha cabeça, têm que ser pra você.
Razão de vida, entra no meu sangue e se aquece.
Amor, quero me drogar!
Tenho vontade de te ver a todo segundo. Você é um anjo que me apareceu em momentos desesperadores. Em insônias alucinantes, em meio a pesadelos desagradáveis, você me deu paz. Você merece todo o carinho. O carinho que um jardineiro tem com suas rosas. Quero te dar tudo que você precisa. Quero te dar felicidade. Comigo serás sempre feliz. Pode confiar no que te digo. Te quero mais que o ar que respiro. Te sinto mais do que o vento que passa.
Sou seu.
Pode me jantar. Pode me jogar do quinto andar. Pode me empurrar da escada.
Sou seu.
Cabelos perfumados que me hipnotizam. Lábios que só me falam poesia. Poesia é você nua. Nua rindo. Rindo de mim. E eu amando. Pode rir de mim. Pode rir.
Quero te arrancar a língua com a minha língua.
Quero ser seu e adoro quando você é minha.
Você é minha.
Feiticeira.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Saudade pensada

Pense na saudade.

Tente não pensar na saudade.

Penso na saudade.

O tempo inteiro penso na saudade.

Saudade do que foi.

O tempo inteiro tenho saudades do que foi.

Pense.
Penso.

Tente não pensar.
Tento não pensar.
Não penso.

Tente não pensar na saudade.

Penso o tempo inteiro.

Foi.




Já foi?

Foi.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Jesus

Ator olha para frente e diz em tom robótico, sem expressar qualquer reação muito grande:

Hoje estou muito feliz. Realmente estou eufórico. Realmente é um dia muito especial para mim. Estou muito feliz mesmo pois acabo de descobrir algo muito legal sobre mim mesmo. Gostaria de compartilhar com todos vocês essa grande emoção que estou sentindo. Muito bem, lá vai: Eu sou Jesus Cristo.
Longa pausa.
Sabia que vocês não iriam acreditar. Eu mesmo não acreditei. Achei que era lorota. Logo eu? Logo eu o filho do Homem? Quem diria... Estou agora muito orgulhoso pois fiz grandes coisas para humanidade. Grandes coisas mesmo. Andei sobre a água. Transformei água em vinho. Multipliquei pães. Eu sou muito legal. Eu realmente sou muito legal. Estou tirando muita onda já que sou Jesus Cristo. Afinal de contas, eu sou O cara. Ressuscitei e tudo. (Pausa) Espero que vocês não se assustem. Eu peço que não se assustem. Eu sou Jesus Cristo. Estou de volta depois de tantos anos. Estava com saudade. Principalmente do suco de laranja. Adoro suco de laranja. Há dois mil anos me afogo no bagaço da laranja. (Dá um leve sorriso) Fiz uma piada agora. Perceberam? Fiz piada mesmo sendo Jesus. Jesus também faz piada. Humor é muito legal. Assisto muito os programas de humor. Dou muita risada. Tem muita figura nesse mundo. Meu pai realmente às vezes dá uma pirada na hora de inventar gente. Ai, ai...
Coça a cabeça. Dá uma bocejada. Tosse.
Bom, acho que vou dormir. Jesus também dorme. Tá pensando o quê? Tchau, pessoal. Bom revê-los. Sim, porque sendo Jesus eu já conhecia todos vocês. Vocês no caso são meus filhos. Eu sou filho do pai de vocês mas sou Ele também então sou pai e irmão de vocês. Legal, né? Acho o máximo. Beijinhos para vocês. Jesus... te ama.
Vai saindo de cena mas antes se lembra:
Ah! Amém.
Vai saindo de cena mas para e diz:
Ou Saravá! Sem preconceitos, né?



Livremente inspirado nessa maravilha!

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Cartas

Senhora,
Vê se não demora. A sua demora me desespera. Desespero sem limites. Limito-me a sofrer por ti.
Vê se não desespera. O seu desespero me limita. O seu limite me atrasa. Atraso-me para te fazer sofrer.



Senhor,
Vê se esquece. Esqueço-te para sofrer. Sofro para amar. Amo sem dizer. Calo para desespero seu.
Pensas que te quero?
Que não vivo sem ti?
Nã vivo sem ti. Mas consigo não viver. Basta não te ter. E disso eu faço questão.



Senhora,
Não vives sem mim?
Não queres viver?
Viva sim! Só como você. Só bebo você. Respiro você.
Vivo para ti. Viva para nós.



Senhor,
Esqueça. Esqueça. Esqueça.
Por favor, não me faça chorar. Já me basta de sofrimento. Há vida além de palavras e declarações.


Senhora,
Declaro guerra ao amor.
Sei que morrerei cruelmente nessa batalha... Se é que já não morri e não percebi.
Te amo. Até uma próxima vida.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Adeus

Passou as mãos nos meus cabelos e disse-me adeus. Quase não acreditei. Quis não acreditar. Adeus é forte demais. Estremeci. Quis muito chorar. Disse adeus também pois sou muito orgulhoso. Não queria dizer adeus. Queria dizer não vá. Queria dizer fica. Mas só sorri. Sorri fingindo estar tudo bem. Com os olhos cheios d'água, o coração disparado e a sensação clara de que iria desmaiar, consegui ter a frieza de sorrir e fingir que estava tudo bem. Mas estava desesperado. Eu era louco por aquela pequena. Que ódio, meu Deus, que ódio. Não é que dizendo adeus ela ficava ainda mais bonita?! Queria bater minha cabeça na parede, ver sangrar. Sofrer. Muita dor no peito. A imagem daquela mulher saindo do meu apartamento era pior que o pior dos meus pesadelos. Logo aquela mulher que me dera tantas alegrias. Foram noites alucinantes de incessante prazer. Demos muito amor um ao outro. Lembro-me da mania que ela tinha de brincar com os meus pentelhos e como revirava os olhos quando ia gozar. Que loucura! Que loucura eu estava fazendo ao deixá-la ir embora. Gritei:
-Helena!
Helena já estava na porta. Quando se virou pude perceber que estava chorando. Fui até ela com a coragem de um guerreiro que se aproxima da caça e dei-lhe o maior Beijo que já dei em qualquer mulher na minha vida. Um Beijo que faz esquecer nome e endereço. Beijo de loucura e paixão. Beijo com B maiúsculo. E, muito emocionado, sussurrei em seu ouvido:
-O nosso adeus é uma lágrima que um dia seca e tu voltarás para este lar que tanto te quer.
Helena sorriu, fechou os olhos e disse:
-Volto sim, meu amor, volto sim...
Deu um berro pra cima que me arrepia os pelos da nuca até hoje só de pensar. Saiu porta afora.
Nunca mais vi Helena.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Venha logo, venha...

Venha
Venha logo que é logo que é preciso.
É preciso que seja logo pois agora o amor é muito.
Venha logo num segundo que acalma o sofrimento.
Venha logo no seu passo lento que acalma o sofrimento.
Que saudades das saudades. Que vontade das vontades de agora.
Ainda é cedo, agora pode, ainda pode, agora é logo. Logo, venha logo, venha...
Precisamos.
É possível.
Venha logo. Não faz tempo, é agora, é possível.
Ainda há pouco te chamava. Mas agora chamo muito.
Você ama.
Ame. Por favor ame.