domingo, 28 de fevereiro de 2010

Ela que é aquela.

Eu queria casar com essa mulher
com ela dá no pé
fazer o que quiser
com ela.

Mas, meu bem
não tem problema,
tudo bem
vou tentando viver sem

Eu queria casar com essa mulher
com ela dá no pé
fazer o que quiser
com ela.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Respeitem meus cabelos brancos

Respeitem meus cabelos, brancos
Chegou a hora de falar
Vamos ser francos
Pois quando um preto fala
O branco cala ou deixa a sala
Com veludo nos tamancos

Cabelo veio da áfrica
Junto com meus santos

Benguelas, zulus, gêges
Rebolos, bundos, bantos
Batuques, toques, mandingas
Danças, tranças, cantos
Respeitem meus cabelos, brancos

Se eu quero pixaim, deixa
Se eu quero enrolar, deixa
Se eu quero colorir, deixa
Se eu quero assanhar, deixa
Deixa, deixa a madeixa balançar


terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Carnavalha

Corta a minha carne
corta e deixa sangrar
Suponho que gosto, gozo
adoro, suporto

A carne sangra
berro de prazer
Intenso, suado
o músculo trabalha

Entrego-me, sou seu
minha carne te pertence
Tá pensando o quê?
cachaça é pra beber

deixa sangrar

brinca, grita, chora, ama, anda, me dá
um dinheiro aí
me dá agora
mama na chupeta, se esbalda na teta

Folia
Confete e serpentina
tira a roupa da menina
deixa sangrar

Carnaval corta a minha carne
Carnaval vai chegar
me deixa. sambar.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Às entregas de uma mulher.

Aquela risada que já tanto me fez rir junto, hoje não passa de uma lembrança. Os dentes escancarados, o som que ressoava por toda a sala. Como éramos inocentes. Puros. Tanta coisa boa no coração, a sensação de vida. Éramos amantes mas ao mesmo tempo éramos cúmplices da felicidade que estávamos sentindo. A novidade do toque se misturava com a novidade do olhar que se misturava com a novidade de amar. O amor, de tão forte, não era mais só nosso. Parecia ser do mundo. E era. Pulsávamos energia divina. Tínhamos a responsabilidade de contaminar o mundo com os nossos sorrisos. E como era lindo o sorriso dela. A vontade de rir já era o próprio orgasmo.
O orgasmo era provavelmente o momento mais brilhante das nossas noites. Explodia, nos arrebatava. Era lindo. Seus olhos brilhavam, seu corpo tremia e eu humildemente me sentia amado. Essa sensação é tão boa que chega a ser estranha. Olhar nos olhos de uma mulher e ver que naquele momento ela te ama desesperadamente. A sensação de que você está sendo o responsável pelo momento mais fundamental de prazer na vida de uma mulher é alucinante. Vale mais que qualquer droga na veia.
Você se sente o fodão.
Com ela eu me sentia um escravo. Se ela estivesse feliz eu estava também. O sorriso dela era meu ouro. O seu corpo nu era o meu pão. O seu prazer era meu vinho. O suor dela era o meu suor. Tudo nosso era lindo.
Hoje sento numa poltrona velha da minha sala e fico relembrando momentos. Não faz mal ficar lembrando. É claro que as lembranças acabam despertando uma tristeza horrível que poderia muito bem ficar dormindo quietinha sem ninguém notar que ela está ali. Mas eu gosto de acordá-la. Vale a pena. Sempre valeu. Afinal de contas, sofrer é um barato também. Não deixa de ser uma onda. E se as lembranças fossem ruins não me esforçaria para tê-las. As lembranças são incríveis. Que mulher incrível!
Uma mulher que sabe se dar é a mais abençoada das mulheres. Viva a mulher entregue!
Viva meu amor!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Para minha mãe.

O ciúme
Caetano Veloso

Dorme o sol à flor do Chico, meio-dia
Tudo esbarra embriagado de seu lume
Dorme ponte, Pernambuco, Rio, Bahia
Só vigia um ponto negro: o meu ciúme

O ciúme lançou sua flecha preta
E acertou no meio exato da garganta
Que nem alegre nem triste nem poeta
Entre Petrolina e Juazeiro canta

Velho Chico vens de Minas
De onde o oculto do mistério se escondeu
Sei que o levas todo em ti, não me ensinas
E eu sou só, eu só, eu só, eu

Juazeiro, nem te lembras desta tarde

Petrolina, nem chegaste a perceber

Mas, na voz que canta tudo ainda arde

Tudo é perda, tudo quer buscar, cadê?

Tanta gente canta, tanta gente cala

Tantas almas esticadas no curtume
Sobre toda estrada, sobre toda sala
Paira, monstruosa, a sombra do ciúme